terça-feira, setembro 29, 2009

Tempestade

Do seu lado,
eu ficava cem metros
mais perto da tempestade
e os clarões iluminavam as nuvens por trás,
com seu cabelo grudando no meu suor
do lado da minha boca arfante.

Cansado de seguir em frente
eu dei três passos pro lado e no asfalto
escrevi com vidro estilhaçado
que eu iria errar
só pra acordar do seu lado.
Só pra poder, de madrugada,
tirar do seu colo
o livro que te deu boa noite
do meu lugar roubado.

Eu contei descalço
pras árvores secas,
como se eu soubesse,
que, sonolento,
você era ainda mais lindo
e elas não duvidaram.
Eu trovejei pelos ventos,
tempestuoso e desesperado,
mostrei pra terra, gritei pro alto,
escrevi em quatro canções
e em tantas palavras que você não leu,
que eu sou seu, desde que te vi,
com a certeza dolorosa
de que meus olhos pegariam fogo
se eu te olhasse tanto quanto quero.

Com os cílios magoados por ser errado
e a certeza relampejante
de que não seria de outro jeito,
eu me entreguei inteiro
pra descobrir,
antes que a tempestade acabe,
o que você vai fazer

com todos os meus sonhos.



Henrique RM


(centésimo post. do único jeito que eu saberia fazer.)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ai, gostei muito. Lembra as antigas, tipo My lover's gone no telhado.

=*

29 setembro, 2009 18:12  

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