segunda-feira, julho 20, 2009

Por Dia

Eu continuei pelo caminho escrevendo seu nome como se me desse algum conforto e contando, pra todo mundo que eu vi, a história do que podia ter sido, como se isso fosse mais perto do que eu queria. Eu repassei, de novo e outra vez, cada detalhe que eu lembrasse, pra ver se isso me fazia sentir melhor. Com os dias, a sua imagem se distorceu, seu rosto borrou e eu achei que perdesse a importância. E você continuava por aqui, de um jeito que prendia o olhar pra me avisar que eu ainda lembro, pra me avisar que junto com a última vez que a gente se despediu, ficou um pouco de vontade minha de gritar. Eu grito antes de dormir pra saber que ainda faz sentido. Sem ter as palavras, sem saber o que fazer, sem nem me querer, sem querer você acertou em cheio. Eu fico enganando o sono, achando que você perceberia. Eu fico atrasando a hora, como se você sorrisse olhando pra trás. E você não olha. Eu te escreveria por dia uma carta pra te dizer como seria perfeito, mesmo achando que você nunca iria concordar. E você continua. Eu fico. E me deito achando que você volta. Não pra mim.





Henrique RM

1 Comments:

Blogger Isadora Bittar said...

Henrique... belíssimos seus textos e blog, você é um dos poucos que podem salvar a literatura atual, e fazer reviver a arte de transformar sentimentos em palavras... eu também escrevo, mas não tão maravilhosamente como ti... se puder me adicionar no msn, ficarei hornada em conversar contigo. Tenho um site para lhe indicar: www.acheiotexto.com.br. Não é meu, mas de dois amigos maravilhosos que encontrei nas areias do tempo... parabéns pelo domínio da belíssima arte da palavra...

23 agosto, 2009 10:57  

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