quinta-feira, novembro 26, 2009

Estática

Murmurava de leve em torno
e nem era brisa,
mas arrastava as folhas do chão,
como prelúdio de trovoada,
porque o dia amanheceu quente demais,
quase desértico.

Estalava na pele
como se-eu-te-tocasse,
mas eram faíscas elétricas
tensas de esperar as gotas que atrasavam
rolando nos caminhos de outros lados
ressecando a minha estrada
de onde-você-não-está.

Eu afogaria os desertos do percurso,
oceano-de-você,
afundando 75Km em vontade
pra nadar às braçadas
e mergulhar o corpo todo nesses-seus-choques.

Mas não chovia.
Céu fechado e tudo, mas não molhava.
E eu olhava pra longe,
sem saber se o sol se punha,
sem saber se eu chegava,
e ventava.
Um vento histérico de quase-tempestade,
mas que não soprava.

Era carga
e me carregava à deriva.
O dia esperava. Suspenso na antecipação.
Tremendo, como se-fosse-do-seu-lado.
Vibrando, como se fosse a minha boca
se separando assim-tão-de-repente
do seu rosto.







Henrique RM

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

tenho saudades de conversar contigo

03 dezembro, 2009 23:25  
Blogger thomazcampacci said...

e mesmo que eu quisesse que este poema terminasse, ele continuaria, quase cíclico, quase acabando, quase começando...

14 dezembro, 2009 16:26  

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