segunda-feira, dezembro 17, 2007

Sopradores

Vendo as árvores que balançavam, eu me sentei na janela pra soprar bolhas. O vendo era forte demais. Me arrancava elas todas. Arrastava pra esquina da minha parede e elas me esqueciam e iam se perder em outros lugares. Eu fiquei olhando. Admirado que essa mensagem me fosse dada assim. Sutil, ela escorregava pelos meus dedos e estourava na minha cara ou longe de mim. Por que é que o vento também não me levava? Ele era mais forte que eu. Eu não fazia esforço. Eu só olhava as bolhas que eu soprava sendo arrastadas pra longe de mim. Tocava uma música triste, mas que música não seria triste nessa hora? Eu estava sozinho. Sozinho sobre o vento da cidade e acima de milhares de cabeças. Eu amava essa janela. Mas por que uma janela que só se olha sozinho? O que se faz com a sombra das árvores ao vento sem ninguém na cama quente pra fazer companhia? A luz de dentro era vermelha. Misturando tudo o que eu queria. Tudo o que eu pensava. Misturando tudo o que eu via. E eu só esperava que esse vento todo me misturasse com o fundo. Que esse vento todo me arrastasse e me levasse com as bolhas. Eu só queria que esse momento fosse estático e que o mundo todo aguardasse em silêncio, calmaria e desejo o que eu quero.



Henrique Rochelle Meneghini

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Dá pra ver perfeitamente bem as bolhas voando pra longe e você olhando pra elas da janela... apesar da música triste e do vento, as bolhas criam uma imagem alegre.

=*

18 dezembro, 2007 20:20  
Anonymous Anônimo said...

Enquanto eu lia, me veio à cabeça as fotos que eu vi hj, no seu álbum...

30 dezembro, 2007 01:06  

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