sábado, março 10, 2007

O Peso Do Tempo

E se eu te perguntar o peso do tempo? Do que foi, o que fica e se arrasta sobre nós e nos aleita e esquenta e protege da noite fria, como cobertores de folhas secas? O que me dá motivos pra repousar a cabeça no colo solitário da grama molhada e esperar novos ventos? Tu me soprarás um dia. E quando é um dia? Ah... um dia ou outro a gente descobre, a gente resolve. Um dia ou outro a gente desperta na grama molhada e fria e não encontra uns braços à nossa volta. E o que é que você queria nesse dia? Todos os seus sonhos daquela noite são passado. Nada mais volta. Agora você só quer um novo desejo, uma nova alegria. E essa alegria te grita de dentro o dia todo. Bate à sua porta e quer entrar. Abre a porta. Mas o que espera do outro lado? O outro lado é misterioso, e ansiedade é quase gula. Um pé pra fora não é um passo. Um pulo, então. E o que vem dele? Debaixo do degrau te espera um abraço e o carinho com que você sempre sonhou? Você espera. Você sonha.Você acorda e sonha acordado o dia inteiro. Você sorri o tempo todo pra alguém que não te vê. Pra alguém que você queria tanto ver. Mesmo que todos vejam seus sorrisos, ninguém vê a sua felicidade. Felicidade é nome próprio. E esse nome você guarda no fundo de si. Esse nome você esconde e diz baixinho o dia inteiro até que ele faça parte de você. E ele te doma. E ele te toma e te abriga e te faz morada. Ele te faz companhia o dia todo e todo o tempo você sonha. Todo o tempo você deseja. Todo o tempo é enorme vontade. E não há braços, nem abraços. Você é apressado. Você não se mede. Você não tem limites. Não há tempo! E como poderia haver? Você tem toda a vida, todo o tempo do mundo! Não pode haver tempo! Você corre e grita. E aqueles braços não te vêm acompanhar. A distância cai com um baque surdo sobre seus ouvidos. Pressa. Pressa. Não há mais tempo. Eu preciso correr. Eu tenho um caminho a correr. Eu preciso correr na direção incerta dos teus braços e me atirar ao teu peito. Me espera? Me espera de braços abertos? Ah, me espera. Me espera e me pega e me carrega. Me carrega e me leva pro fim do tempo.

(Mas se não me esperar, se não me abraçar e me amar, eu corro então pra solidão do vazio do outro lado do degrau onde estariam seus braços e me precipito no abismo de saudade. Eu me perdi porque não houve tempo. Eu me perdi porque fui vida e não fui tempo. Me esvaí de tempo e me atirei ao mar. Eu cai? Tudo depende... qual é mesmo o peso do tempo? Não me importa... você me diz. E eu vou acreditar.)





Henrique Rochelle Meneghini

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Simplesmente perfeito! Aplaudo efusivamente!
Depois de me deliciar com esse texto maravilhoso me faltam palavras para tecer qualquer comentário.
Mas, realmente, o peso do tempo pode ser assustadoramente cruel. Há quem consiga fazer com que o tempo pareça delicosamente prazeroso; eu ainda não encontrei a fórmula. Ele ainda me assusta. Assusta muito mais se pensar no que ainda quero pra minha vida; se pensar na Felicidade com nome próprio. Aí, o assustar vira desesperar...
Parabéns mais uma vez pelos seus textos.
Maravilhosos.

17 março, 2007 19:38  
Anonymous Anônimo said...

Sabe, esse último fds foi tumultado por situações q seriam engraçadas se ñ fossem reais.

Dsd q eu "invoquei com esse tal d jornalismo", eu sofri uma certa reprovação da minha mãe... (isso pq meu pai ñ sabe, é claro)

O engraçado, é q logo ela q tm uma kbça madura, veio ocm papo d "vc quis uma ocisa a vida toda e agora muda" como se eu ñ pudesse ou tivesse a liberdade d mudar d opinião.
O q seria engraçado, é q as brigas ficaram sérias, e nem estava havendo brigas pq eu ñ fico mais em casa e o relacionamento Mariana + a família dela stava ótimo.
Estranho q essas discussões deveriam ocorrer (aliás, elas nem deveriam ocorrer, mas...) caso eu passasse nos dois, e aí sim tivesse q escolher...

e essa minha mudança d opinão rende comentários como sair do cursinho, ou entrar pra faculdade particular em agosto mesmo (veterinária), e eu fico com uma sensação ruim d ñ ter nem tntado o "meu tal d jornalismo" no fim do ano...

por fim eu decidi q ñ vou dizer q prestarei jornalismo, mas prestarei, assim como tmbm prestarei veterinária nas públicas (ah, isso se eu ñ começar em agosto mesmo) pra ñ ser uma filha tão ruim. Mas eu decidi estudar d+ d+ d+ d+, e tntah passa d verdad... e ñ somente querer passar e ñ estudar pra isso, pq eu percebi q ano q vem d uma forma ou d outra eu etro pra faculdade... e se eu passar em jornalismo sei lá se vão me sustentar lá neim inicialment...
tá, minha mãe é maravilhosa, mas dv achar q eu quero ser um repórter do tv fama ¬¬

Mas se eu ñ passar realment, eu faço veterinária nem q seja na particular, me formo, entrego o diplomo pros meus pais [ao menos hj eu penso assim] e dpois faço jornalismo como eu quero.

Sabe, eu tava em um feira da universidade...
e foi louco!
dos 789654 estandes da veterinária..
butina + chapéu + bota..
eu comecei a ri qndo me imaginei lá..
eu seria uma menina do cabelo vermelho e d all star!

oO

Ah..
acho q eu escrevi mto...
e mta coisa estranha, pq eu deveria só comentar o post..
mas o texto me fez lembrar dessas coisas...
e tmbm, fzr o q se eu me sinto a vontad aqui né?!

Mas sab..
acho q foi pra dizer q caso eu consiga fz o meu tal d jornalismo, vc e seus textos serão inpiração pra mim. Eu tnho certeza.

07 junho, 2007 17:09  

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