Fantasma
“que é pra você ver que não é o único que se perde”
Deitado, eu olhava pra trás
e não parava de te ver
entrando no meu quarto
de porta fechada,
sombra na janela
que veio com o vento
e estendia a mão
pra ver se eu dormia
mas não encostava
porque desfazia
na luz
e com os olhos arregalados
eu sentava pra esperar um pouco
mas você não partia,
par de olhos fixos
do lado de lá da veneziana
e eu meio com medo
meio querendo te chamar
pro lado de cá
e você sem poder atravessar
mas eu queria
e você queria sem querer
e sem saber que eu não dormia
porque não sabia se você voltava
e queria saber seu nome
na ponta da sua língua
e eu não tinha o que dizer
então eu fechava os olhos
pra ver você chegar mais pra cá
e quando abria
você sempre desaparecia,
éramos sempre quase perto
quase sempre dois,
mas um de cada lado
e sem outro jeito,
num último esforço
escrevi pra você ler
pra ver se você não ficava
ou se voltava pra lá
pra onde eu nem sei onde
pra encontrar na cama
o silêncio do que você já conhece
e dormir com calma
talvez sem pensar em mim.
Henrique Rochelle
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