domingo, outubro 02, 2005

Esquecer

Esquecer

Abandona teu corpo entorpecido no abismo
E saboreia a lenta queda até o mar.
Aprecia cada segundo desses relâmpagos
Que te anunciam o inevitável adeus.

Desprende-te desse palco.
Desprende-te dessa vida
Deixando que se desprenda de ti a alma
E deixa que somente a corda em teu pescoço te una ao mundo.

Queres ser livre?
Liberta o sangue em tuas veias.
Corta-te com o carinho que não te deram
E observa a paz escarlate do teu interior se libertar.

Deita sob os céus e pede justiça
Se houver justiça, feche os olhos
E esconda teu rosto da prenunciada escuridão
Que envolve o mundo em um último abraço.

Pula das falésias e ama as águas geladas
Preenche-te delas até a exaustão
Até não poder mais resistir
Até teu corpo naufragar no oceano calmo.

Amarra-te sem cordas
A acende o fogo dentro de ti.
Sinta queimarem todos os desejos,
Todas as cordas que já te amarraram.

À frente de todos os abandonos da tua vida,
À frente do fim do dia,
Crava em teu peito um punhal
E fica em frente ao teu fim.

Soterra-te ao pé das colinas.
Deixa que o peso das pedras
Tire de ti o peso das lágrimas em vão.
Deixa que o peso te traga a leveza da paz.

Não resistas ao chamado da noite eterna
Treze comprimidos pela noite,
E de manhã não precisarás acordar.
Treze comprimidos para o sono eterno.

Esquece teus sonhos,
Como foste esquecido.
Esquece de lutar para resistir.
Esquece de viver.

Esquece o fracasso, a derrota,
Esquece as horas de companhias solitárias.
Esquece que amaste
E que foste ou não amado.

Esquece tua pessoa
E, algum dia, se esquecerão dela.
Deixa que tua essência te abandone,
Algumas coisas se vão para sempre.

Esquece que viveste
E talvez tenhas alguma chance de viver.
Esquece que amaste
E amarás de novo.

Esquece o que tiveste
E entrega-te ao novo, inerte e desconhecido.
Esquece que amaste,
Pois algumas coisas se vão para sempre.

Acende o fogo dentro de ti,
Liberta o sangue em tuas veias
E desprende-te da vida:
Esquece de lutar para resistir.

Não resistas ao chamado da noite eterna,
Soterra-te ao pé das colinas,
Deita sob os céus e pede justiça:
Esquece as horas solitárias de companhia.

Abandona teu corpo ao abismo,
Crava em teu peito um punhal,
Pula das falésias e ama as águas geladas:
Esquece que viveste.

Esquece que amaste e que não foste amado.
Esquece que viveste, e, no entanto, desacompanhado.
Esquece quem amaste: algumas coisas se vão para sempre.



Henrique Rochelle Meneghini



Como dá pra notar o post foi transformado em poesia, escrita ainda hj, pouco antes das 18.30h. Ela diz tudo o que eu queria e, ao contrario da musika d ontem, são minhas palavras. Se eu tenho problemas? Dá pra perceber, neh... fazer o q...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

naum lembro qual post eu to comentando....bom...seja qual for....magnifico kikaum...d+.....ameiiii....
:*******

06 outubro, 2005 00:17  

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