sexta-feira, agosto 24, 2007

Namoro Cristão

Bom, eu vou aproveitar esse momento extremamente desagradável em que o maldito provedor se recusa a conectar (usuário ou senha incorretos o seu #@&$#&%(@*! ) para escrever algo sobre esse meu domingo chato em que eu fiquei estudando alemão (nada contra, gosto da língua, só to revoltado por causa da internet). Hoje a tarde em algum momento do dia – na verdade em dois momentos – bateram à porta da casa do meu avô materno, onde eu estava para nos entregar uma cópia de um jornal chamado Folha Universal. Como foram duas vezes ganhamos duas cópias. Uma edição exemplar do dia 15 de julho e outra de 12 de agosto. Entre as maravilhosas reportagens (dona não-sei-o-nome passou a ser dizimista fiel e o senhor Jesus a abençoou com uma sapataria e muitos clientes; senhor não-me-lembro-quem se arrependeu dos seus pecados, passou a dar dinheiro pra igreja e deus retribuiu com uma academia e mais de 1300 alunos que a freqüentam no RJ), e os tocantes, emocionantes e apaixonantes anúncios pessoais (Morena 46 anos, olhos claro, magra, temente a deus, procura servo de Jesus com idade entre 38 e 50 anos, temente à deus, interessado em *cita-se algumas características pessoais dela [surpreendentemente ninguém colocou ler a bíblia, ou orar em nenhum dos diversos anúncios das duas edições – sim, eu os li todos]* para constituir uma família de Deus. Exijo envio de foto na correspondência. Apenas responderei e-mails.) eu encontrei um artigo de uma distinta mulher (e não falo pejoratiamente) que também é a autora do ‘livro para a mulher de 2007’, MELHOR DO QUE COMPRAR SAPATOS (há um sub-título que eu não sei precisar, mas era algo do gênero frases espirituais para a sua vida). O artigo se chamava NAMORO CRISTÃO e eu encontrei nele quatro dicas que talvez tenham mudado a minha vida e a minha concepção das coisas.

Decidi nesse momento dividir esse conteúdo com os leitores ávidos das minhas publicações... o que se encontra entre colchetes são comentários meus.

“Tome certas medidas de precaução durante o namoro, tais como:

1- Sempre namore em locais públicos e durante o dia, pois, assim, é mais difícil dar vazão aos desejos da carne [a menos que você seja exibicionista, ou adepto do sexo grupal]. Haverá tanta gente à sua volta que será, praticamente, impossível fazer algo que você se arrependa posteriormente [não me culpe por erros de regência ou ortografia, ou concordância, eu só estou copiando. Mas, sério, ela já ouviu falar de álcool? Desde quando as pessoas te impedem de se arrepender de algo]. Vocês só conseguirão fazer aquilo que realmente devem – conversar. [essa foi a minha vida. Sempre. Juro.]
2- Vista sempre roupas discretas e apropriadas [burca], pois seu corpo é tentador para o rapaz que você está namorando. [o meu, eu garanto. O dos outros é problema deles, mas eu te asseguro que tem coisa nada tentadora que anda à mostra por ai...] Se você revelar mais do que deve, será muito difícil para ele resistir aos maus pensamentos [maus pensamentos... disso eu entendo]. Lembro-me que minha mãe me ensinou isso logo que comecei a namorar [aos 9 anos]. Eu até parei de vestir certas roupas que gostava para evitar que meu namorado tivesse pensamentos impuros. [por que ser sexy se eu posso apavorar as pessoas?]
3- Evite ir à casa um do outro quando ninguém estiver por perto, pois vocês se sentirão tentados a manter contato físico e acabarão caindo em pecado. [eu culpo os hormônios] Se não houver outro jeito, evite beijos e abraços quando estiverem sozinhos [em público, liberado]. As tentações estão em toda parte. [eu que o diga...]
4- [e a minha favorita!] quando abraçá-lo, evite que seu corpo e o dele se toquem da cintura pra baixo [e eu que pensava que essa era uma regra básica da coisa]. Dessa forma, vocês evitarão tocar em áreas extremamente perigosas. [elas explodem]

Lembre-se: namorar não é tocar o copo um do outro ou se divertir (...). Cristãos não namoram pra se divertir [o objetivo é, logicamente a procriação, sempre SEM tocar debaixo da cintura]. (...)”

Bom, eu não estou atacando a idéia dos costumes das pessoas, nem o jornal, nem a igreja (que eu não conheço) muito menos a repórter e escritora (que, de fato, parece bastante simpática) só me diverti muito com esse relato e decidi compartilhar, da mesma forma em que algumas pessoas costumavam me abordar tentando me convencer de que por ser pagão eu adorava o demônio e que eu devia me converter e deixar Jesus tirar o pecado de mim...

Espero que sigam as recomendações à risca. Eu adicionaria um quinto item (Não estabeleça contato com o sexo oposto), mas já estariam dizendo que eu to incentivando o homossexualismo...

Bom domingo pra vocês que tem uma conexão que funciona e que podem falar com as pessoas que você queria tanto estar falando nesse momento, ao contrário de mim, que estou fadado a uma noite trágica...



*finalmente foi possível postar. Agradecimentos especiais a vovó e vovô e não apenas providenciaram que a internet fosse restaurada, como também trocaram de provedor, de PC (lindo, novo e maravilhoso) e me deram o velho pra eu levar pra cps qdo eu tiver uma casa decente!*

segunda-feira, agosto 13, 2007

Nunca Mais Voltar

Eu decidi ir embora. Daqui, pra longe, pra qualquer lugar distante de mim mesmo. Distante das pessoas, dos olhos e das vozes. E não é que isso cansava? Eu não durmo porque eles continuam olhando. À noite, eles ainda vêm me buscar e eu não sei reagir, então eu não durmo. Eu deixei de dormir pra deixar de sofrer e sonhei de novo com saudades. Tudo o que eu faço, tudo o que eu tento tem gosto, cheiro, cor e jeito de saudades. Saudades do que eu não tenho e saudades do que eu não tenho mais. Uma mão, um abraço, um beijo. Um carinho rejeitado. É melhor fugir. Eu arrumei as malas. Amanhã eu acordo e vou embora daqui. Amanhã é o dia pra isso. Eu nunca mais vou voltar. De repente me ocorreu e eu soube que seria assim. Eu não vou voltar pra cá. Se eu voltar, o lugar vai estar destruído. Se o lugar continuar, eu morro na estrada. O vidro espatifado não vai deixar que me reconheçam. Pra sempre eu vou embora daqui. Meu corpo morto vai sobrar pra quem tiver uso. Eu vou embora daqui. Eu vou embora pra não ficar mais de lado. Eu cansei dos lados. Seu lado, lado dele, lado deles. Eu sempre fiquei pro lado. Eu escorreguei por todos, e fiquei de lado. Agora não tem mais jeito. Suas palavras duras e seu silêncio me ajudaram a dobrar e guardar. Tudo o que eu preciso está lá. Um cachecol branco e toda a minha solidão. Não é surpresa que a mala não feche. Debaixo do fundo falso eu guardei umas lembranças. Um anjo de papel, um passarinho velho, um bilhetinho, duas cartas e umas passagens de ônibus. Tudo o que eu tive de verdade e que pode ser meu pra sempre além da lembrança, além da imaginação do que eu queria. Eu quero. Mas é tarde. Já é noite e ao nascer do sol eu vou-me embora pra sempre. Eu preciso. Qual é a minha escolha? É hora de olhar pra frente e, se eu chorar, aceitar que eu vou chorar pelo caminho. Talvez sigam meus rastros, mas não seria pra me trazerem de volta. Eu não posso voltar. Eu cansei de voltar. Eu cansei de só ter respostas sonhando. Meu monólogo se estendeu por mais do que eu agüente. Por mais do que a platéia agüente, porque já foram todos embora. Eles me deixaram aqui. Eu fiquei. Você me deixou. Mas eu conheço essa história. Eu já nem sei pra quem eu escrevo, tamanho é meu abandono. Esse relato vai ficar esquecido. Esse desespero vai ficar calado pra vocês, mas será o grito que me acompanha durante o resto do caminho. Eu já posso ver. Eu, carregando uma mala imensa por uma estrada de terra e árvores secas. Até eu cair. Eu espero que os animais me devorem. Eu espero que, uma última vez, alguém me use. Meu corpo inerte vai esperar a ação do tempo. Meu corpo inerte vai esperar que você venha me gritar qualquer coisa que me faça sentido. Agora eu sei que é tarde. Meus olhos doem. Enxergar a verdade dói demais. Eu preciso dormir, mas a viagem de amanhã tem que estar preparada. Eu não consigo fechar a mala... solidão demais. Odeio a minha solidão. Sem ninguém pra me ajudar. Eu preciso fechar uma mala e viajar. Você não entende. Eu decidi ir embora amanhã. Amanhã eu vou embora pra nunca mais voltar...


... ninguém pra me dizer adeus.


Henrique Rochelle Meneghini