quinta-feira, maio 29, 2008

Faltam Viagens

Mesmo que eu soubesse que você não vem.
Mesmo que a noite se debruçasse pelo caminho.
Houvesse todo o mar revolto no meio da estrada.
Ainda que fique longe e eu espere e não agüente.
Eu deito como se fosse entre os seus baços.
Eu sei sem erros o tamanho do seu abraço.
Sem variações, sei o gosto da sua boca.
E quando eu me cubro e pareço dormir,
são seus olhos que eu vejo no escuro.
Não do meu lado, mas de todos os lados de dentro de mim.
Me assalta e me acorda. Me desperta e atormenta.
Mais uma noite que eu passo só pensando em você.
Pra que sono, pra que tempo?
Meus dias todos eu passo contando as horas.
Conto o tempo pra não ver se você vem.
Esperança sem sentido de que você apareça do meu lado.
De repente. E me leve pra qualquer lugar só seu.
Eu preciso de um pouco de só nós dois.
Que não nos vemos o bastante.
Não nos temos o bastante.
E ainda assim, cada olhada minha é na sua direção.
Eu ando sozinho debaixo daquele céu e você está comigo.
No caminho de volta, no meio do vento e da chuva, você me esquenta.
De dentro pra fora, como conseguimos, por enquanto.
Só assim pra eu ver o tempo continuar.
O que eu faço da falta que você faz na minha noite?
Não é sono. É vontade de deitar do seu lado.
É vontade de te ter entre os meus braços, mesmo que sonhando.
Vontade de te ver em qualquer lugar que seja.
Vontade de estar com você sem hora pra te soltar.
Faltam marés pra nos afogarem juntos e conchas pra contarmos.
Faltam estrelas no meu céu perfeito que sem você não é azul.
Faltam viagens. Faltam caminhos pra nos perdermos.
E eu já não me encontro nesses lugares que não têm você.
A sua imagem eu fixo em cada canto pra tentar fazer sentido.
E todo, todo o sentido do mundo é que eu sinto a sua falta.
Me abraça pras horas pararem de passar.
Me encanta pra eu não pensar em mais nada.
E eu só penso em você...

terça-feira, maio 27, 2008

Detalhado

Desenhos no meu pulso que são só seu nome.
Detalhes e entalhes que são só a minha história.
Laços e amarras que não prendem nem esquecem.
São só marcas que os dedos deixaram sobre a pele.
De tudo isso, depois eu descrevi.
De todos os tantos donos, os dados que eu esqueci.
Deixou de ser de dentro, o espaço foi desocupado.
Depois de ser disperso, foi de novo e foi desconcertante.
Me desacelera, me derrete. Se derrama e me acomete.
Me toma e me faz dele. Me amarra e não me deixa desviar.
Só um destino, pra me fazer entregue.
Só uma idéia pra me deixar sonhando.
Sonhando acordado até o céu ficou azul-demais.
E do meu lado, só seu nome me fazendo companhia.
Debaixo da sua pulseira, no meu pulso a sua inicial.
E se dispersando nos meus versos eu só pude soletrar você.

quinta-feira, maio 01, 2008

Vontade

Falta espaço pra mim mesmo entre as marcas no meu pescoço. Depois que a noite acaba, a madrugada passa, a tarde se perde e eu acordo, eu lembro. Cada lugar, cada toque e cada dente. De dentro, espero lembrando. Repassando na minha cabeça o tempo que não passou. Eu durmo, eu me lavo, e tudo ainda respira. Ainda é o seu cheiro que eu tenho na língua.

Eu quero ser lembrado – vontade absurda que eu não esqueço. Eu quero tempo entre os seus dias pra saber que eu existi. Fosse por 6 horas, mas as marcas que eu não tiro arrastam a memória. Seu nome, seu rosto, seu jeito, e todas as coisas que eu não sei, todas as coisas que eu nem imagino e que te fazem você, me perseguem, me prendem, me acordam sem motivo. Rápido, inesperado, e nem surpreende. Não há medida entre as suas meordidas. Não há medida entre os meus dedos. Não há medidas naquela noite. Tudo transborda vontade de você.

Meus olhos, minhas orelhas, minha boca. Mais que tudo, meu pescoço. Entre as marcas das tuas mordidas não me sobra espaço pra ter mais nada, além de vontade de mais.