novos laços
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é um convite. (e um agradecimento)
e uma despedida.
h.
eu, entre os pedaços que ficaram de um milhão de estrelas afogadas.
“que é pra você ver que não é o único que se perde”
Deitado, eu olhava pra trás
e não parava de te ver
entrando no meu quarto
de porta fechada,
sombra na janela
que veio com o vento
e estendia a mão
pra ver se eu dormia
mas não encostava
porque desfazia
na luz
e com os olhos arregalados
eu sentava pra esperar um pouco
mas você não partia,
par de olhos fixos
do lado de lá da veneziana
e eu meio com medo
meio querendo te chamar
pro lado de cá
e você sem poder atravessar
mas eu queria
e você queria sem querer
e sem saber que eu não dormia
porque não sabia se você voltava
e queria saber seu nome
na ponta da sua língua
e eu não tinha o que dizer
então eu fechava os olhos
pra ver você chegar mais pra cá
e quando abria
você sempre desaparecia,
éramos sempre quase perto
quase sempre dois,
mas um de cada lado
e sem outro jeito,
num último esforço
escrevi pra você ler
pra ver se você não ficava
ou se voltava pra lá
pra onde eu nem sei onde
pra encontrar na cama
o silêncio do que você já conhece
e dormir com calma
talvez sem pensar em mim.
Henrique Rochelle
Henrique RM
Eu não sabia o tamanho do vazio. Como medir? Qual o tamanho da distância entre o que eu não conheço e o que eu consegui? Eu não sabia se usava metros, litros ou velocidades. E mesmo assim, se afastava. Se perdia. E eu perdia de vista as coisas que eu já nem sabia mais marcar. Páginas, lembranças, sons. Não importava mais. Eu tinha um vazio imenso sem saber o que fazer dele. Vazio por todos os lados e eu no meio daquilo tudo que me empurrava pra eu nem sei onde. Que me arrastava de onde eu não faço idéia. E eu não faço idéia nem do nome disso. Além de saber que é vazio, que é grande e que faz falta. E falta de que, que eu nunca tive? Eu não consigo. Eu não podia mais colocar em palavras o vazio à minha volta. Eu comecei a colocar
Henrique RM
Bem antes daquelas luzes se apagarem eu já achava que devia agarrar sua mão e sentir o seu calor. Eu já tinha imaginado demais e sonhado demais. Ali do meu lado, eu precisava descobrir se a surpresa nas suas mão seria tão mais incrível que o sonho, como você foi. Eu precisava de mais toques. Mais abraços, que aqueles dois me deixaram morrendo de vontade. O conforto do seu ombro. A volta da sua cintura. As medidas entre os seus dedos. Eu queria desvendar o mistério por trás de você, que me prendeu, encantou. E entender o que você tem pra me deixar assim. Todo sorrisos enormes e vontade de mãos dadas.
Bem antes daquelas luzes se apagarem eu já tinha te contado. E eu queria, esperava, me mordia de vontade. Antes daquelas luzes se apagarem, aprendendo a ler o seu gesto, começando a rasgar a superfície do seu esperado e cavando e desenterrando tesouros, desenterrando segredos, desvendando mistérios, eu fui descobrindo motivos pra te olhar e sorrir com os olhos bobos de quem vê azul infinito.
Os tempos mudaram. Bem antes daquelas luzes se apagarem as coisas eram de outra forma. Bem antes, tudo de um jeito novo e às vezes horrendo. E a idéia que você me deu era diferente. Era surpreendentemente alheia a tudo o que eu tanto fiz e me enjoou. Tudo o que me perdeu e me gastou. O tempo novo e a vontade nova. Nem bem eu reconhecia sua voz e eu só queria agarrar sua mão e falar pra ela que eu entendo. Contar pras linhas da sua palma a história que eu imaginei. Fazer segredo dos meus segredos pras marcas no seu pulso. Trocar os desastres que tem na minha mão pelos sorrisos de duas mãos juntas.
Bem antes daquelas luzes se apagarem. Bem antes daqueles dois gritarem os meus próprios pensamentos. Bem antes de eu entender, eu só queria saber o peso da sua mão na minha. Bem antes daquelas luzes se apagarem eu só queria fazer sentido. E uma mão sozinha não faz sentido. Bem antes daquelas luzes se apagarem eu já queria tentar. Depois de elas se acenderem eu percebi. Depois de elas se acenderem eu só podia pensar naquelas mão dadas. O sorriso, as histórias, o jeito e, mais que tudo, as mãos. Mãos dadas pra descobrir o tempo. Depois daqueles abraços, só me faltou a sua mão. Me dá...
Você vira meu rosto pra eu parar de te olhar. Não entende que com você não tem mais nada que eu queira ver. Do seu lado as coisas simplesmente fazem sentido. E a gente se vê tão pouco que não faz mal compensar os olhares. Eu precisava daquilo. De estar do seu lado e de sentir você pelas minhas mãos. Eu precisava daquele nada-mais-existe que eu só tenho do seu lado e que me vira os olhos e torce a cabeça. Não sobra espaço pra nada e não tem nada que eu quisesse nesse lugar. Morrendo de sono, cansado e dolorido, eu volto pra casa sem parar de sorrir. Você e os seus olhares de lado. Os seus beijos de surpresa e tudo o que eu juro que eu nunca pensei que poderia ser assim, tudo isso me prende, me encanta e me fascina. Ah se você soubesse que eu só queria que essa noite acabasse com você comigo. Essa e todas as outras, que eu só sei pensar em você do meu lado. Eu exagero. Faz alguns dias além de um mês que eu te vi. E no meio disso tudo milhares de datas que eu não esqueço. Todos os dias, as noites, os lugares e os cantos que nós encontramos. Com você eu me lembrei de que eu ainda conseguia sentir. Eu lembrei que eu ainda conseguia sonhar. E sonhar com você é tão bom... então não se assuste se eu enlouqueço e te quero o tempo todo comigo. É só a sua presença física pra completar a vontade de você que me acompanha todo o tempo. Eu nem tive coragem de falar direito, mas me deixou feliz além do que eu posso dizer que tenha tocado uma música essa noite. Eu só disse que eu adorava. Mas eu adoro porque, assim como milhares de outras coisas, ela me lembra só você. Meu perfume preferido me lembra você. Minha cama me lembra você. Minhas roupas. Meu travesseiro. Meus livros. Meu anel. Que todo mundo acha que é uma aliança, mas que é só um lembrete, como aquele que eu deixei no seu armário, me gritando o dia inteiro que as horas que eu passo com você são as melhores. E não poderia deixar de ser. Com você faz sentido. Com você eu sei o que eu to fazendo. E de todo jeito você me faz feliz. Eu só agradeço e conto as horas pra te ver de novo. Não demora... Não demora porque o tempo fica encoberto e eu chovo pelo quarto. Vem pro meu lado descobrir porque o céu é azul, porque o mar me afoga, porque os prédios são mais altos, e porque eu te quero tanto. Que no fundo eu só sei repetir que te adoro...